quinta-feira, 23 de junho de 2022

PRATELEIRAS - COLUNA VISÃO, COM RONALDO NAVES

 




PRATELEIRAS


Dei uma olhada nos armários aqui de casa e vi que apesar de algumas prateleiras necessitarem de uma arrumação, a maioria delas estava organizada. Percebi que as prateleiras inferiores são as mais bagunçadas, pois são as mais exigidas. Ali, colocamos as coisas que utilizamos no dia a dia e com muita frequência. Logo a cima, estão os objetos que são menos usados, mas não menos importantes e, por fim, as prateleiras mais altas com baixelas e jogos de porcelana quase nunca exibidos, apesar de sua beleza e requinte.


Na vida, sempre moramos nas prateleiras inferiores. Acho que, pelo menos, a maior parte do povo vive nelas. São práticas, acessíveis, simples e representam todo o básico necessário para a realização das tarefas cotidianas. Tudo, ali, fica à mão e o seu manejo é automático já que nosso inconsciente sabe o que fazer sem muito esforço mental. São os pratos, xícaras e copos onde bebemos e comemos várias vezes ao dia.


A prateleira intermediária é o lugar que visitamos quando precisamos de algo mais, que não usamos tanto, mas que é importante para estabelecer uma certa relação de normalidade nas nossas vidas. É a sopeira nas noites frias ou a travessa que recebe o bolo de cobertura ou o manjar de côco com ameixas pretas nas sobremesas semanais.


Lá no alto, no lugar que a escada ou o banquinho nos ajuda no acesso, estão as coisas finas de cristais e porcelana desenhada que raramente são expostas e que fazem exatamente a mesma coisa que os objetos de baixo fazem. A diferença está na nobreza do material e no valor que lhes é atribuído. Deus nos livre de quebrar qualquer um deles. São os faqueiros de prata, as taças de cristais, os jogos de porcelana, enfim, tudo aquilo que podemos dispensar e que não fariam a menor falta, haja vista a frequência com que são utilizados.


A verdade é que somos induzidos a pensar que somos mais felizes quando comemos iguarias culinárias em louças finas e raras. E é verdade que quando mudamos a rotina,  parece ativar uma parte do cérebro que nos causa sensações de bem-estar. É fácil saber o que é essencial e realmente tem valor; basta observar ao redor e ver o que está ao seu alcance e você acessa várias vezes ao dia. Lembrando sempre que tais objetos não são nada se dentro deles não for as bênçãos de Deus. Sim, pense bem e veja que o copo sem água não mata a sede. O prato sem o alimento, perde o sentido. A panela vazia suplica o arroz e o feijão. 


Na prateleira da vida, esbarramos com muitas pessoas que estão e estarão sempre no mesmo nível que nós porque independente da beleza, conhecimento ou riqueza nossa ou delas, o amor é o elemento que nos une e nos iguala. Outros estarão um pouco distantes, mas não são menos importantes, apenas, por força das circunstâncias, perderam a proximidade, no entanto, o amor também é o mesmo e estarão bem perto de nós e nós deles se houver necessidade.


Por último, haverá pessoas na tábua derradeira e mais alta da prateleira. São chiques e requintadas; possuem status e são perfumadas, são bem-vindas quando aparecem, porém, são dispensáveis, pois não agregam nada relevante a quem somos. A relação é formal e o amor não existe.


Assim, aprendo que o que atribui valor e importância a tudo é o amor. Ele é a comida sem a qual ficamos todos famintos. Sem Ele somos pratos e panelas vazias. Com Ele temos pão, água e vida a oferecer. Nossas botijas  estarão sempre nas prateleiras de baixo, ao alcance de quem quiser se servir do alimento que dEle recebemos e guardamos em nós. Não há nada fora de Deus, nem pratos ou talheres; nem alimento, nem vida; e acreditem, nem mesmo prateleiras!


Ronaldo Naves

Um comentário:

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