FIM DE PLANTÃO
Uma história bonita e de superação foi a que eu ouvi em um dos corredores da delegacia. Já era fim de plantão quando um colega me perguntou sobre o próximo texto, e eu o desafiei dizendo:
- dá uma ideia aí!
Ele, então, me chamando para o lado sua história me contou.. Não imaginava o quão inspiradora ela seria até que ele começou a falar.
Disse que passou uma fase difícil com um diagnóstico de um tumor que apareceu no quadril de sua esposa, mais precisamente no acetabulo que é a concavidade onde a cabeça do fêmur se articula. A notícia caiu como uma bomba sobre o casal, e os próximos dois meses seriam de angústia e ansiedade.
Depois disso, foi feita uma pequena cirurgia para retirada de material para um diagnóstico mais preciso. Mas, o resultado da biopsia, após longos dias, foi inconclusivo e o médico solicitou novos exames e nova intervenção. A tensão era insuportável, haja vista a possibilidade de ser um tumor maligno não ter sido descartada.
Enquanto o colega relatava sua angústia e seu desespero com a situação, uma coisa me chamou muito a atenção. Ele disse à sua esposa que passariam por tudo aquilo juntos e que ele não a abandonaria jamais e que morreria ao lado dela. Neste momento, seus olhos transbordaram e pude ver o amor daquele homem por sua mulher. Não era mais sobre uma doença que falávamos, mas sobre o amor. Dali para frente, minha atenção redobrou e minha expectativa cresceu ainda mais para saber o final da história.
Ele limpou as lágrimas e disse que ainda se emociona quando relembra o drama. Contudo, foi uma reação natural de quem ama e sofre por quem ama. Hoje em dia, o casamento perdeu a sacralidade para muita gente e o compromisso de estar ao lado na saúde e na doença já não faz tanto sentido. Meu amigo me mostrou ser uma só carne com sua esposa, reforçando a aliança, talvez, no momento mais dificil de suas vidas.
O segundo diagnóstico saiu e o médico disse que a lesão não estava mais lá e as imagens mostravam somente uma inflamação, a qual seria tratada com medicamentos. Nao havia mais razão para se preocuparem. A alegria dele ao me contar a remissão total do tumor foi apenas uma amostra do alívio que eles sentiram no consultório médico. Tirou o mundo de suas costas e o colocou no chão.
Abri um vinho -disse ele- e tomei com minha esposa, comemorando e celebrando sua vida.
Senti-me aliviado com o final feliz daquela história de amor, também, fiquei imaginando a prova gigantesca pela qual os dois passaram. Ela serviu para fortalecer ainda mais os laços entre o casal e sua fé em Deus.
O plantão terminou mais bonito e mais suave já que Deus, no último minuto, me presenteou com o exemplo de uma aliança abençoada. Espero que o caso sirva de incentivo aos que pensam em desistir quando as tempestades chegam. Fiquem no barco e coloquem Deus nele também. Ele dirá ao mar bravio, AQUIETA-TE! Foi isso que Ele fez nesta história!
Ronaldo Naves