O plano de desenvolvimento de pessoas como ferramenta para equilibrar a busca por resultados com o bem-estar profissional na PCDF.
Por Fabrício Gildino.
Foi publicado neste mês de fevereiro o I PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS (PDP) da Polícia Civil do Distrito Federal, criado
com o objetivo de “buscar o alinhamento dos interesses institucionais com os
interesses dos servidores”. Para realização do trabalho, o Departamento de
Gestão de Pessoas (DGP) consultou os gestores e servidores das unidades da
PCDF.
O PDP alinha-se ao PROGRAMA AVANÇAR, que representa o
planejamento estratégico da PCDF até 2023. O AVANÇAR aponta 11 (onze) objetivos
estratégicos. São eles:
•
aprimorar a governança com foco na gestão por resultados;
•
assegurar assertividade orçamentária e financeira;
•
aprimorar o uso da tecnologia da informação e comunicação;
•
garantir a modernização institucional;
•
desenvolver equipe de alta performance;
• assegurar a valorização do servidor (grifo
nosso);
•
fomentar a redução da criminalidade;
•
elucidar infrações penais com efetividade;
•
maximizar a satisfação do cidadão;
•
fortalecer a imagem institucional e
• exercer com excelência as
funções de polícia judiciária.
Por sua vez, o Decreto Federal 9.919/2019, em seu artigo 3º, estipula
como um dos objetivos do PDP:
“V - preparar
os servidores para as mudanças de cenários internos e externos ao órgão ou à
entidade;”
Uma primeira análise
mais detida ao I PDP da PCDF indica haver um aparente descompasso entre a forma
como os gestores e operadores vêem as necessidades de capacitação para o
desempenho de suas funções. Usamos o termo “operadores” aqui para designar os
policiais responsáveis pela execução das tarefas diárias da instituição, os
chamados “linhas de frentes”, os que estão na atividade fim. Como servidores,
entendemos todos os agentes públicos atuantes, o que inclui os gestores e
profissionais em atividades meio, administrativas ou cedidos/requisitados por
outros órgãos.
Esse aparente
descolamento não implica necessariamente um conflito, uma vez que o
levantamento de necessidades de treinamento (LNT) utiliza como principal
ferramenta uma pesquisa por meio de questionários apresentados aos servidores,
os quais, reconheçamos, nem sempre possuem condições adequadas para seu
preenchimento, por razões como estresse, sobrecarga de trabalho, desmotivação
entre outros.
Todavia, é possível
reconhecer traços divergentes na forma como os gestores e operadores
responderam à metodologia utilizada pelo DGP da PCDF.
Conforme o Anexo I do
PDP, os gestores (chefes de departamento e de unidades) do Departamento de
Atividades Especiais (DEPATE), onde se encontram hoje a maioria dos Agentes
Policiais de Custódia na ativa, identificaram as seguintes prioridades de
treinamento:
Dentro do DEPATE, a
unidade com maior número de Agentes Policiais de Custódia é a Divisão de Controle
e Custódia de Presos (DCCP), a qual foi reconhecida pelos gestores no PDP de
2021 a necessidade de treinamento apenas para “Trabalho em equipe”.
Logo, vê-se que não
apenas questões relativas ao trabalho em equipe são necessárias para o
desempenho das atribuições dos Agentes Policiais de Custódia.
Se compararmos o
Anexo I com o Anexo II, que detalha os cursos indicados por todos os servidores
(gestores e operadores) disponibilizados pela Escola Superior de Polícia Civil,
visualizaremos as principais demandas:
Entre os principais cursos identificados, a AAPC poderia
apontar, pela experiência e contato com os servidores que compõem os quadros do
DEPATE, como bastante necessários os seguintes cursos:
1. a) Sistemas
informatizados da PCDF.
2. b) Porte
velado e Sobrevivência policial.
3. c) Armamento
e tiro: Fuzil.
4. d) Excelência
no atendimento e relações interpessoais.
Outo ponto relevante, com implicação prática ao bem-estar do
servidor, diz respeito à dificuldade hoje encontrada em usufruir da licença
capacitação. Uma vez que os gestores identifiquem poucas necessidades de
treinamento, menores as probabilidades de os servidores poderem utilizar-se da
referida licença, tornando-se esse direito cada vez mais difícil de aprovação,
ainda mais considerando o quadro geral de déficit de servidores.
Também acreditamos que as entidades representativas das categorias podem ter um maior protagonismo nesse processo por estarem próximas aos servidores e conhecerem de perto a realidade enfrentada nas unidades policiais.
De qualquer forma, a AAPC parabeniza a PCDF, em especial o
Departamento de Gestão de Pessoas, por implementar o Plano de Desenvolvimento
de Pessoas, que deve mostrar-se importante ferramenta para realizar a difícil
mediação e equilíbrio entre os objetivos da instituição e o bem-estar físico e
mental de todos os profissionais da Polícia Civil do Distrito Federal.
A AAPC coloca-se à disposição, como entidade representativa
dos valorosos Agentes Policiais de Custódia, para colaborar no aperfeiçoamento
desta importante iniciativa.
Fabrício Gildino é vice-presidente da AAPC.
* As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente a posição da AAPC, sendo de inteira responsabilidade de seu autor.